quinta-feira, 29 de março de 2012

Os ponteiros que ditam a nossa vida

Crônica.
Já diz Dion Boneicalt “Os homens falam em matar o tempo, enquanto o tempo silenciosamente os mata.” Sim, é exatamente assim que funciona. O tempo nos mata aos poucos, ou melhor, a falta de tempo. Temos 24 horas no dia, mas afazeres para 40. Não temos tempo de ir ao supermercado fazer compras, de visitar um amigo de infância, de ler um jornal de maneira crítica, muitas vezes nem tempo de atender um amigo que liga insistentemente umas 20 vezes sem parar... É seu amigo! “Mas agora, não posso atender...

Foto: Dicvulgação
É assim, a casca dura do tempo vai passando, ou melhor, voando. Quando vemos, a Dilma já é presidente. Ao piscar, já chegou a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o Michael Jackson morreu, ou então, descobriram a cura para o câncer. E nós, escravos do relógio e do calendário, sem direito a férias e 13º salário, continuamos a trabalhar, a buscar nossos filhos na escola, a estudar, a trabalhar de novo e de novo. Isso até que um ajudante “faixa preta” nos «alivie» do stress do dia a dia.

Enquanto estamos ligados em nossas mil atividades, nosso show preferido está numa cidade próxima. Ou então, aquela promoção de passagens para Paris, tão esperada, saiu, e você nem viu. O preço do Ipad caiu, mas estamos tão focados em nossos afazeres, que também não deu tempo de adquirir essa tecnologia. Passamos pelos dias e não os aproveitamos. Passamos pela vida e nem paramos para pensar que não levaremos nada dela.

Será que nossos filhos também irão viver assim? Será que eles terão menos tempo que nós? Ou será que eles não precisarão trabalhar, pois trabalhamos tanto que eles terão uma vida de conforto sem precisar se esforçar tanto? A resposta ainda é um mistério. Mas o fato é que vivemos correndo e esperando por dias melhores, pra sempre, ou será que pra sempre, sempre acaba, como dizia a música de Cássia Eller? Pra sempre pode existir, mas nós não existiremos pra sempre. É preciso aprender a controlar as nossas horas e não deixar que elas nos controlem.

O mundo vive assim. As obras da Copa estão atrasadas no Brasil - não há mais tempo para se fazer tudo o que se quer. A miséria ainda é muito grande no mundo - o tempo passou muito rápido e não deu para os governantes fazerem tudo o que pretendiam. O seu melhor amigo casou e você está longe - não deu tempo de chegar para o casamento. Era preciso terminar a apresentação para a reunião de hoje - não deu tempo de almoçar. Saber controlar o nosso tão reduzido tempo é uma arte, digna de poucos. Por isso que a expressão «meu precioso tempo» nunca fez tanto sentido quanto nos dias atuais.
Por Luana Haubert - Acadêmica de Jornalismo
Pato Fu - Sobre O Tempo.

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