sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ministério da “Deseducação”

Artigo:
Sabe-se que educação e desenvolvimento têm correlação. O desenvolvimento de uma nação vem à medida que a educação se fortalece. O mesmo ocorre para um cidadão. O curso natural que se espera para uma pessoa é que, por volta dos cinco ou seis anos, ela entre na vida escolar e, a partir daí, não saia tão cedo. E, então, pode se desenvolver socialmente.

Mas, na prática, não é o que se vê. A iniciar, crianças de rua não têm acesso às escolas. Não por opção, mas por necessidade. Para ajudar os pais, que muitas vezes não trabalham, menores em lixões compõem uma das imagens mais corriqueiras de hoje. Não só em lixões, mas também em semáforos, pedindo uma moeda de carro em carro, de janela em janela. É a já tradicional e contestada esmola de cada dia. É assim que eles sobrevivem.

Contudo, para auxiliar nesses pontos, existe um órgão responsável por colocar em prática ações para o desenvolvimento da boa atividade educacional. É o Ministério da Educação, ou MEC. Tudo que se refere à educação passa por este setor. O seu representante é Fernando Haddad.

Entretanto, lamentavelmente, o MEC parece não estar no seu melhor momento. Pelo menos, as ações demonstram isso. Os destaques na mídia, seja ela impressa, falada, televisionada, ou até mesmo nas badaladas redes sociais, dão conta dos erros, dos problemas e das atitudes prematuras e, por que não, impensadas deste órgão.

Não é de hoje que manchetes do tipo “Vazam dados de inscritos do ENEM” e tantas outras estampam as capas de jornais. Sim, leitor, isto se tornou rotina, assim como já é comum ver em noticiários que uma tragédia natural tenha acontecido. Não são erros isolados. São constantes. Mas estes destaques não são exclusivos do Exame Nacional do Ensino Médio. O Enade, Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, aplicado a alunos do ensino superior, também foi “contemplado“. Este, aliás, até ganhou apelido: EnadA.

Mais recentemente, entre os assuntos mais comentados nas rodas de conversas ou em redes sociais, foi uma cartilha que tem como título a frase: Por uma vida melhor. O nome é incentivador. Parece querer o avanço do Brasil. Mas, na verdade, esta cartilha se trata de um livro que, em resumo, faz o Brasil retroceder no que diz respeito à educação. Os autores do livro, apoiados pelo MEC, explicam que a intenção do “Por uma vida melhor” é colaborar para que o preconceito lingüístico desapareça. Por combater este preconceito entende-se permitir os erros de concordância. Em suma, falar “nós estuda pra aprender” não está errado.

Diz o filósofo Ludwig Wittgenstein: “Os limites da minha linguagem são também os limites do meu pensamento”. É disso que o MEC e os responsáveis pelo livro irão privar os cidadãos brasileiros. Estes, que já têm uma cultura suscetível a erros, agora se sentem amparados para cometê-los. E fica a pergunta: se, atualmente, são um milhão de vagas não preenchidas por falta de qualificação no Brasil, como os jovens de hoje estarão preparados para o mercado de trabalho no futuro, que cada vez mais exigirá melhor qualificação?

Não bastasse isso, outra ação realizada pelo MEC parou nos noticiários. De acordo com este órgão, dez menos sete é igual a quatro (10-7=4). Pelo menos, é o que mostra um livro que foi distribuído para estudantes das escolas rurais do país. Foram gastos 14 milhões de reais para este material ser feito. Foram 14 milhões de reais para o lixo, afinal o mesmo MEC determinou que “os livro” não fossem mais utilizados pelos alunos.

Esse não é o único erro. Outros tantos podem ser observados. E erro é a palavra mais vista ao lado de Ministério da Educação. É uma ironia pensar que o órgão máximo da educação seja um dos que mais erra. Ao mesmo tempo em que se fala que o setor educacional do Brasil está melhorando, quase se igualando ao nível dos de países desenvolvidos, notícias como estas comprovam o contrário. Uma prova é a posição em que o Brasil aparece no ranking Pisa, teste internacional de desempenho educacional: 53º de 65 avaliados.

Se nem na educação, que é o único refúgio que os cidadãos têm para recorrer e se tornarem de bem, o brasileiro pode confiar, como acreditar no avanço do Brasil? Num país em que há mais de 14 milhões de analfabetos, estaria o órgão colaborando para esse aumento?
Paulo Freire, um dos maiores educadores que a humanidade teve, diz que “não há vida sem correção, sem retificação”. Erros são recorrentes no dia a dia. E, por isso, devem ser corrigidos. O mesmo deveria acontecer com a educação brasileira.


Por: Luan J. de Bortoli, 5ª fase jornalismo. 

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