quinta-feira, 16 de junho de 2011

Um jogo para esquecer

Crônica:
Certa data do mês de maio, estávamos reunidos em um grupo de oito pessoas. Este grupo era composto por três casais, eu e um amigo em comum. Mais um sábado à tarde sem muitas ideias do que fazermos juntos. Eis que foi sugerido por um dos integrantes assistir à final do campeonato gaúcho. No início tiveram alguns narizes “torcidos”. Esta reação partiu por parte das meninas que não gostam muito de futebol. Mas, como a maioria gostou da ideia, ficou resolvido que iríamos acompanhar o jogo em um barzinho da cidade.

Naquela altura do campeonato, já havia sido realizado o primeiro jogo da final. Jogo este que aconteceu no estádio Beira-Rio entre Inter e Grêmio. Na ocasião, o “dono da casa” perdeu a partida por um gol de diferença, contabilizando os 3 a 2 que deram um pequena vantagem ao tricolor gaúcho para a segunda partida da final a ser realizada no estádio Olímpico. Este fator foi decisivo para que os gremistas que fazem parte do nosso grupo de amigos topassem a ideia sugerida pelo amigo colorado que ainda tinha esperanças de uma reviravolta de resultados, consagrando assim, o internacional como campeão estadual de 2011.
Por hora, eu e os outros sete amigos ficamos ali mesmo, sentados no meio fio da calçada, jogando conversa fora e fazendo piadinhas uns para os outros referentes ao clássico do dia seguinte. João Vitor, gremista fanático já avisava:
-Este campeonato já está ganho, se eu fosse vocês ficaria em casa e nem apareceria no bar para não pagar um vexame. Quando Jaqueline, colorada apaixonada pelo clube, retrucava:

-Esta conversa mole é de torcedor que não confia em seu time e não quer nossas presenças por perto para não se envergonhar depois da derrota para o colorado.

Em meio da “troca de farpas”, Rafael, que não era torcedor nem do Grêmio e nem do Inter, apenas observava calado, não entendendo o porquê de tanto fanatismo entre os amigos, e exclama:

-Ei gente, calma aí, não importa se Grêmio ou Inter vença, o que importa é a nossa amizade, que após seis anos nos rendeu muitas alegrias, e aliás, na segunda-feira, todos nós teremos de levantar cedo e ir trabalhar, com o time de vocês sendo ou não o “tal” do campeão!

Eu já estava ficando meio preocupado, pois nem mesmo com o alerta de Rafael foi possível conter os ânimos dos colorados e gremistas, que continuavam com as trocas de farpas. Juliano, que até então estava quieto, resolve criar uma pequena aposta para encerrar o assunto. Nela, ele sugere que: se o Grêmio não for o campeão, seus amigos gremistas deveriam pagar a tradicional Coca-Cola – apreciada por todos os amigos. E ainda disse que se caso o Grêmio seja o campeão, ele e seus amigos colorados deveriam a despesa. Ainda incluindo, o amigo Rafael dispara:

Eu não vou “pagar o pato”!
Logo todos aceitam o pedido do amigo.

Chegou o dia tão esperado e, como combinado anteriormente, todos – menos Rafael – estavam uniformizados para acompanhar o clássico grenal. Eram dois casais gremistas e um casal colorado, todos sentados ao redor da mesma mesa e tomando aquele refrigerante de cola. Começou o jogo junto com a troca de piadinhas sobre o time rival – que aumentava a cada gol do adversário. Era mais de 30 minutos do segundo tempo e o Internacional havia virado o resultado e ampliado o placar para 3 a1. Sofreu um gol e o jogo terminou 3 a 2 para os visitantes, mesmo número de gols do jogo no Beira-Rio, o que levou às cobranças de penalidades máximas. A zoação era geral, a alegria inicial não se via mais, apenas o desespero. Começaram as cobranças e a cada erro ou defesa do goleiro, a amizade se distanciava.

Após o apito final, o resultado surpreendedor era de 5 a 4 para o time vermelho, consagrando assim os colorados como campeões do estadual de 2011. Na mesma hora o grupo foi dividido, o litro de Coca já vazio foi parar no chão. Rafael, sem time para torcer, festejou com os amigos que restaram, pois os gremistas enfurecidos e sem pagar a bebida abandonaram a amizade de longa data e partiram em retirada. No dia seguinte como anunciava o amigo, todos levantaram cedo e foram trabalhar. A semana passou e com a chegada do sábado, nosso encontro que era comum, não aconteceu.

Um jogo de futebol que deveria aproximar as pessoas teve um resultado contrário. Aquela amizade de seis anos tinha ido por água abaixo. Apenas Rafael respondeu às minhas mensagens eletrônicas. Aí fica a pergunta: um jogo vale mais apena do que uma bela amizade?

Por: Giovanni Roberto de Oliveira, 5ª fase jornalismo.  

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