terça-feira, 22 de junho de 2010

Concórdia Intensifica Combate à Violência Infantil



Postado em: 26/05/2008

- Por medo ou falta de conscientização muitas denúncias não chegam ao Conselho Tutelar, e crianças continuam sofrendo abusos sexuais dentro ou fora de casa -

“Certo dia, a mãe de uma menina mandou que ela levasse um pouco de pão e de leite para sua avó. Quando a menina ia caminhando pela floresta, um lobo aproximou-se e perguntou-lhe para aonde estava indo.
- Para a casa da vovó – ela respondeu.
- Por que caminho você vai: o dos alfinetes ou o das agulhas?
– O das agulhas, respondeu ela. Então o lobo seguiu pelo caminho dos alfinetes e chegou primeiro à casa. Matou a avó. Depois, vestiu sua roupa de dormir e ficou deitado na cama, a espera. (...).

Pam, pam, pam.

- Entre querida. Tire a roupa e deite-se na cama comigo (...), disse o lobo. Até que ela disse:
- Ah, vovó! Que dentes grandes você tem!
- É para comer melhor você, querida! E ele a devorou”.

Esta história é conhecida de muitas crianças e é contada desde antes do século XVIII, só depois foi modificada pelos Irmãos Grimm até chegar a como é conhecida hoje e contada para pequenos olhos atentos. A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho, que antes de modificada tinha cunho erótico, aconteceu em uma cidade da Europa e trata-se do estupro de uma menina, que foi encontrada morta dias depois em uma floresta.

O abuso sexual infantil é um dos grandes problemas de uma sociedade desorientada e marcada por um passado cultural de desrespeito e violências psicológicas e físicas. Os casos registrados na cidade, em algumas situações, tratam-se de suspeitas e por isso a criança continua sofrendo agressões caladas pelo medo e por chantagens. A faixa-etária é de seis a 14 anos, sendo que na maioria dos casos o agressor é o pai ou alguém da família.

A violência sexual infantil ainda é uma triste realidade que precisa ser combatida. Na cidade de Concórdia, 27 casos foram registrados como suspeitos de violência sexual contra menores este ano, 13 confirmados. Na tentativa de mobilizar a cidade, o Conselho Tutelar juntamente com o Projeto Sentinela, realizou de 24 a 29 de setembro, a Semana de Combate à Violência Sexual Infanto-Juvenil.

Segundo a presidente do Conselho, Maritânia Ferrazzo, este ano houve um aumento expressivo no número de denúncias de abusos contra meninos. As denúncias, mesmo que não confirmadas, são checadas com cuidado e, “infelizmente, na maioria dos casos é verdadeira”, lamenta.

“A violência sexual é o pior tipo de abuso, porque antes disso existe todo um passado de agressão física e psicológica”, comenta Maritânia. Os 13 casos já confirmados na cidade de Concórdia recebem acompanhamento contínuo, a criança é afastada do agressor e recebe apoio psicológico e tratamento médico. Para a Semana de Combate a Violência Sexual Infanto-juvenil foram realizadas palestras e debates, além de mobilizações, com o objetivo de conscientizar a população da importância das denúncias.

A presidente comenta que há casos em que a criança já sofre abusos há mais de três anos e quando acontece uma gravidez, mesmo com o teste de DNA, a mãe acaba expulsando a menina de casa e fica com o agressor - o pai, ou padrasto. No entanto, algumas vezes, quem leva o caso para o conselho é a mãe, que percebe o comportamento “estranho” do filho, “ a mãe sente quando seu filho está com problemas, medo do pai, medo de sair com outras crianças, enfim são muitos os sinais”, alerta Maritânia.


Por Diana Rocha
4ª Fase do Curso de Jornalismo
 

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