segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma Auto-análise em "O Conto da Ilha Desconhecida"

Postado em: 23/05/2008

"O homem nem sonha que, não tendo ainda sequer começado a recrutar os tripulantes, já leva atrás de si a futura encarregada das baldeações e outros asseios, também é deste modo que o destino comporta-se conosco, já está mesmo atrás de nós, já estendeu a mão para tocar-nos o ombro, e nós ainda vamos a murmurar. Acabou-se, não há mais que ver, é tudo igual...".
Através do delinear de um discurso metafórico que nos faz viajar até a antiga monarquia, José Saramago nos proporciona uma leitura tranqüila, serena e de muitas reflexões. O futuro, o destino, a perseverança e a constante busca em que vivemos, são temas centrais do “O Conto da Ilha Desconhecida”.
O homem bate à porta do rei para pedir-lhe um barco, após longos três dias deitado à porta das petições, pois o rei, assim como muitos, estava mais preocupado com a porta dos obséquios do que com a porta das petições, lhe é concedido o pedido. A perseverança.
A ilha desconhecida é a busca do audacioso homem que, mesmo sendo alertado pelos geógrafos e afins de que não existem mais ilhas desconhecidas, não cessa a constante busca pelo novo, pelo que acredita ser o melhor para ele: “é necessário sair da ilha para ver a ilha...não nos vemos se não nos saímos de nós”. O destino é o desconhecido: “quero encontrar a ilha, quero saber quem eu sou na ilha”.
É importante destacar ainda, que assim como em outras obras de José Saramago, há um especial tratamento aos personagens femininos, que no “O Conto da Ilha Desconhecida” faz o papel de força mediadora no processo de busca, questionando e promovendo a reflexão sobre essa busca que é impossível de ser realizada isoladamente.
Também não vale falar muito, pois o conto de Saramago é um livrinho, ninguém pode alegar a falta de tempo. São apenas 62 páginas. Das quais muitas são pinturas, aliás lindas aquarelas de Arthur Luiz de Piza, que, por mais simples que pareçam, são também objetos de reflexão, indefinidas...
“O Conto da Ilha Desconhecida” foi publicado em 1998 e está disponível na biblioteca da UNC.



Por Lia Gabriela

6ª fase de jornalismo

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