terça-feira, 22 de junho de 2010

Crianças no Ringue, o Muay Thai é a Luta da Vez


Postado em: 04/07/2008


No mês de maio uma matéria exibida no Fantástico, da Rede Globo, gerou polêmica: crianças lutando como adultos em academias de artes marciais. Isso é apenas mais um esporte que pode ser praticado por qualquer um ou Muay Thai é “coisa de gente grande”?

Também conhecido como boxe tailandês, o Muay Thai é uma arte marcial com mais de 2 mil anos, que emprega técnicas de ataque com os pés, mãos e braços. De acordo com antigos escritos, as oito armas básicas do boxe tailandês são os punhos, cotovelos, joelhos e pés.

É cada vez mais comum ver em academias de todo o Brasil, crianças praticando artes marciais. O taekwondo ainda é o mais procurado tanto por influência dos pais quanto por vontade própria da criança. No entanto, o muay thai caiu no gosto dos brasileiros e agora é febre nas academias.

Chutes, socos, joelhadas e cotoveladas são as principais técnicas de ataque da luta que têm sido praticada por crianças com menos de dez anos de idade. No entanto, para José Clandio Custódio, proprietário de uma academia que também dá aulas de Muay Thai para crianças, o esporte é seguro e saudável, “desde que praticado com todos os aparatos de segurança e com um professor que tenha formação, uma academia séria também é fundamental”, assegura.
“Meu filho tem seis anos e faz taekwondo, o que ele aprende nessa arte são movimentos de ataque e de defesa. Então posso dar uma opinião como proprietário e como pai, vejo o esporte com muita importância na formação do meu filho, através da arte marcial ele está tendo disciplina, educação e respeito, até mesmo pelas regras impostas”, argumenta o proprietário.

ARTE VIOLENTA
Quanto ao muay thay, ele admite ser uma arte violenta, assim como o professor Paulo Valmórbida, filiado a Federação Riograndense de Muay Thai, “é uma arte marcial violenta sim, não tem como esconder isso, afinal é uma arte de contato máximo, mas nenhuma criança vai para o ringue para lutar, isso não existe em academia séria,” diz o professor.

No entanto na Tailândia as coisas são bem diferentes, “lá as crianças lutam em praça pública e disputam por alimento. Os únicos aparatos de segurança que usam são as luvas de boxe e os protetores de boca e genital”, explica.

Um dos motivos pelos quais tanto o professor quanto o proprietário da academia acreditam que o muay thai seja tão procurado é a rapidez com que modela o corpo, no caso de adultos. Para as crianças, “o Muay Thai melhora o condicionamento físico, a percepção, os reflexos e a disciplina, assim como em outras artes marciais”, garantem.

Mas existe outro fator, e este talvez preocupante. “As crianças apresentam o desejo de competir, isso talvez se deva até pelo que vêm na TV, em desenhos animados. Como uma forma de status, de mostrar para o ‘coleguinha’ que ele sabe lutar o muay thai”, destaca o professor.

“Futebol é mais violento que Muay Thai”
A afirmação é do professor Paulo Valmórbida que dá aulas da arte tanto para adultos quanto para crianças. Ele explica que durante as aulas apenas as técnicas são treinadas, sem contato com outra criança. “Nunca nenhum aluno meu chegou em casa machucado, nenhum aluno têm reclamações de brigas nas escolas, existe disciplina e respeito, mas no futebol as crianças se machucam muito mais e nem por isso ele é proibido. Pelo contrário, o incentivo é muito maior”, argumenta.

De acordo com o professor o maior problema hoje é a irresponsabilidade de algumas academias que permitem que profissionais despreparados e sem formação alguma dêem aulas. “Se o professor falar para a criança que tem que bater, que tem que machucar, é exatamente isso que ela vai fazer, aí sim se tem um grande problema”, salienta Valmórbida.

Dar aulas de artes marciais não é tão simples, segundo o professor existe um tempo de preparação do atleta que precisa ser respeitado.
O Muay Thai começou a ter mais procura depois que o vale-tudo começou a ser explorado pela mídia. Há pelo menos 10 anos a luta virou febre.

CUIDADOS
Para os pais que desejam colocar os filhos em aulas de artes marciais o proprietário deixa um recado: “É importante que os pais saibam quem são os instrutores, há quanto tempo eles praticam e se são realmente professores, afinal a credibilidade do instrutor é muito importante. O objetivo é que a criança faça uma atividade física e não que vire um ‘monstrinho’. Ninguém bate em ninguém aqui”, defende.



Foto: Benhur Santin

Por Diana Rocha
Curso de Jornalismo

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