segunda-feira, 14 de junho de 2010

Gás Metano é Duas Vezes mais Poluente que Gás Carbônico

Postado em: 26/05/2008

O gás metano está presente em praticamente 70% dos gases oriundos da fermentação dos dejetos suínos e interfere 20 vezes mais que o gás carbônico na camada de ozônio. Segundo o engenheiro agrônomo e Secretário da Agricultura e Meio Ambiente de Seara, Renato Tumelero, “os dejetos produzidos por um suíno correspondem aos de dez humanos, isso nos remete a uma população de mais de três milhões e meio de habitantes em Seara, que é quase a população do estado de Santa Catarina, demonstrando a dimensão do problema”.
O engenheiro ambiental Cássio André Benatti afirma que “os dejetos suínos com relação à poluição dos rios deixou de ser um problema, embora esteja presente ainda, mas em menor proporção, pois todos fizeram licenciamento e quem não estava adequado teve que abandonar a atividade e a preocupação agora é com a questão do gás metano”.
A principal alternativa de controle da emissão do gás metano é a utilização do biodigestor, onde o gás é transformado em energia com capacidade para abastecer toda a propriedade. Benatti destaca que “o custo para a implantação do equipamento fica em torno de R$ 7 a R$ 8 mil, mas existem empecilhos políticos e a opinião contraria da Celesc dificultando a aplicação do sistema”. No município de Seara os equipamentos já estão sendo adquiridos.
Tumelero destaca que “a suinocultura corresponde em cerca de 70% do volume de recursos que gira no município. Assim, há a necessidade econômica e, por outro lado, sabemos dos problemas ambientais e buscar o equilíbrio tem sido o desafio.”
O farmacêutico e bioquímico Jackson Três diz que “um dos maiores desafios ambientais é preservar a água doce, porque segundo um estudo das Nações Unidas divulgado este ano 2,7 bilhões de seres humanos, ou seja, 45% da população mundial irá ficar sem água até 2025”.
No município de Seara o consumo de água fica em torno de 1,8 milhão de litros de água por dia, quantidade que, segundo a CASAN, em uma estiagem superior a 10 dias o Rio Caçador que abastece a cidade, não suporta. “Devido aos problemas com a estiagem, o poder público foi em busca da água no aqüífero Guarani. Isso resolverá os problemas de abastecimento, mas com resultados ambientais bastante negativos”, afirma Tumelero.
Seara está localizada numa região com a melhor distribuição de chuvas do mundo durante o ano, com média anual de mil e 800 milímetros. As cisternas e o acúmulo de água no aqüífero são opções para abastecer outras gerações. Essa média anual corresponde a uma coluna de água de dois metros em toda a superfície e, caso fosse acumulada seria possível abastecer a população com a própria água da chuva sem buscar a água do fundo, explica Tumelero.
Para Benatti a ocupação inadequada do solo é um dos maiores desafios ambientais do município . “Na área urbana não tem espaço para dar um destino correto e fazer o tratamento dos dejetos, o terreno é praticamente todo ocupado pela casa e não tem local pra fazer fossa, é tudo lançado para o rio”.
Já Tumelero destaca que “tivemos uma ocupação de solo inadequada para os padrões da nossa topografia, o custo da construção de uma casa é três vezes maior, você tem que fazer três a quatro andares para chegar ao nível da rua”. O desafio é conscientizar a população que não se pode construir em qualquer lugar.

Biodigestores causaram problemas no início



O biodigestor foi identificado pela primeira vez em 1776 por Alessandro Volta, e em 1857 na Índia houve a primeira instalação para a produção de gás combustível. Chegou ao Brasil nos anos 70 com modelos provenientes da China e Índia. Foi apresentado aos agricultores como “a forma mais barata e rápida de se obter energia”, no entanto, algumas dificuldades na sua implementação fizeram com que esta tecnologia caísse no descrédito no meio rural. A primeira instalação foi no ano de 1976, em Brasília.É composto basicamente por um tanque que abriga a biomassa e o gasômetro que armazena o biogás, formando uma câmara fechada onde o material orgânico fermenta anaerobicamente, ou seja, sem a presença de ar e como resultado desta fermentação ocorre a liberação do gás metano.
Motores, secadores de grãos, geradores de energia elétrica e ventiladores podem funcionar perfeitamente à base do biogás, pode ser usado também na substituição do gás de cozinha. Com 12 kg de esterco de porco pode-se produzir um metro cúbico de biogás, que equivale a 1,428 kw de eletricidade.
Segundo informações do site da Epagri, Santa Catarina tem um rebanho de 5,6 milhões de suínos que produz 9,7 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) por dia. Com o volume de 40 mil metros cúbicos de dejetos suínos produzidos diariamente no estado, podem ser gerados 1000 MWh, o suficiente para abastecer cerca de 100 mil residências com energia.
O biodigestor é viável para produtores que conseguem gerar pelo menos três metros cúbicos diários de dejetos, montante alcançado com mais ou menos 300 suínos.

Por Magali Canossa

4ª Fase de Jornalismo

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