terça-feira, 22 de junho de 2010

Você é um Doador de Órgãos?


Postado em: 26/09/2008

Reflita e decida, afinal você precisa ter uma opinião definida e contá-la às pessoas mais próximas de você.

A doação de órgãos é considerada um ato de cidadania, com a “dádiva” milhares de vidas são salvas em todo o mundo. Mas salvar alguém não é tão simples assim. A doação envolve questões sociais e culturais, em que cada ser humano é o responsável pela escolha, isso quando há ética no trabalho de profissionais. Se o ato da doação fosse natural, assim como o nascimento, não haveria tantos problemas sem solução em centros de saúde, ou seja, bastaria apenas existir pessoas com morte encefálica.

O medo é o principal motivo das pessoas se recusarem a doar, porém isso representa falta de informação, pois se soubessem como é feita a captação de órgãos, talvez não temeriam. Segundo o resultado de uma pesquisa aplicada para 40 pessoas, pela Revista UnC Informação, 88% dos entrevistados opinaram a favor da doação de órgãos, alegando que sentem medo, mas serão doadores, e apenas 12% são contrários a atitude de doar.

A doação de órgãos é um assunto que muitas pessoas não conhecem ou que assusta. Realmente, não é fácil aceitar a idéia de retirar um órgão de um ente querido com o coração ainda batendo. Mas a captação dos órgãos só ocorre se for confirmada a morte cerebral - Morte cerebral é a interrupção total do fluxo sanguíneo para o cérebro, ela é avaliada através dos reflexos neurológicos e pelo exame de angiografia cerebral. É a etapa final para avaliar se o paciente está ou não com morte cerebral. São realizados diversos exames, entre eles, o que comprova que o oxigênio não vai mais para o cérebro.

HOSPITAL DE CONCÓRDIA CREDENCIADO PARA CAPTAÇÃO

O Hospital São Francisco de Concórdia foi credenciado em setembro de 2007, pelo Ministério da Saúde, para realizar a captação de órgãos. Em 11 meses, foram realizadas quatro captações, no total 14 órgãos. A cada nova doação, uma equipe da Central de Transplantes de Santa Catarina se desloca de Florianópolis a Concórdia para realizar a cirurgia e retirar os órgãos do doador.

Para a coordenadora do projeto de captação de órgãos do Hospital São Francisco, Silvana Bonatto, a conscientização das pessoas é fundamental. Silvana explica que doar órgãos é um ato solidário que deveria ser tradição hoje em dia, mas infelizmente depende de muito esclarecimento. "Realizamos palestras semanalmente em empresas e instituições, o nosso objetivo é prestar esclarecimento sobre as dúvidas comuns que todos possuem sobre a doação de órgãos", comenta.

A equipe do projeto do Hospital realiza palestras e repassa instruções sobre o processo de doação de órgãos para empresas, escolas e comunidade. O objetivo é esclarecer as diversas dúvidas da população em relação a atitude. Segundo Silvana, em apenas 11 meses a campanha já apresenta resultados positivos. “Durante este período de trabalho 60% dos órgãos foram para doações, em comparação com o restante do estado este é um índice alto” afirma ela.

A lei que permite a remoção de órgãos para fins de transplantes e tratamento no Brasil foi sancionada em 1997. Desde lá, todos os cidadãos devem expor a decisão na Carteira Nacional de Habilitação e na Carteira de Identidade, mas para ser um doador de órgãos o paciente não pode ser portador de doenças infecciosas como câncer ou doenças que possam comprometer o estado de algum órgão do corpo ou ser um portador de necessidades especiais.

O Caminho do órgão:
A captação de órgãos é feita em centros credenciados pelo Ministério da Saúde. A partir do momento que o paciente tem morte cerebral, as equipes de captação e receptação correm contra o tempo para que o transplante seja realizado.

Assim que os hospitais, possuem autorização para a retirar o órgão do paciente, as instituições comunicam o Centro de Transplante Estadual, que é o responsável por encaminhar a equipe de médicos e enfermeiros até o local da captação e definir o destino do órgão, analisando qual o paciente receberá o órgão e em qual instituição apta será realizado o transplante.

Há no Brasil uma das maiores filas de espera de pacientes que precisam de um órgão do mundo. Apesar de não existir fronteiras nacionais para a escolha do paciente, o tempo é o vilão da história que, infelizmente, por causa do curto espaço que é necessário ter entre a captação e o transplante, os pacientes dos estados mais próximos do município de origem da captação são privilegiados. Para saber se o transplante ocorreu com sucesso e se o organismo do paciente que recebeu a doação aceitou o novo órgão, é necessário aguardar em média 48h.

Quantas pessoas estão na fila de espera por um órgão no Brasil?

Segundo dados do Centro Nacional de Transplantes há no Brasil uma fila de espera de 62,820 mil pessoas, que aguardam em média de seis meses a um ano por uma doação.

Córnea: Fila: 24.252 mil pessoas.
Fígado:
Fila: 6.186 mil pessoas.
Pulmão: Fila: 96 pessoas.
Rim: Fila: 31.058 mil pessoas.
Pâncreas: Fila: 214 pessoas.
Rim/pâncreas: Fila: 387 pessoas.

O que pensam as religiões e crenças mais influentes sobre a doação de órgãos?

Católica: “Salvar vidas é um ato de amor e fé, não somos contra a doação de órgãos, acreditamos que a atitude é gloriosa”. Frei João Batista. A Igreja Católica não é favor do desligamento dos aparelhos.

Evangélica: “Não está na escrito na bíblia que podemos ou não doar órgãos, nós pastores não temos nada contra a atitude, a decisão é do próprio cidadão”. Pastor Leandro Lorenzetti.

Espírita: A crença não define a posição em relação à doação de órgãos. Há espíritas que são a favor e outros são contra a atitude. Segundo o Livro dos Espíritos de Allan Kardec, “Quando há morte encefálica, muito mais delicado do que um coma, é de se supor em que o perispírito está desligado ou em avançado processo de desate do corpo física, numa ou noutra situação, a dor física estará ausente de qualquer injúria somática – extirpação de um órgão, por exemplo –, eis que o cérebro, então inapelável e definitivamente “desativado”, já não capta mais nenhuma mensagem “de dor” emitida pelo sistema nervoso central”;

Por: Hellen Vanin e Karine Lusa
6ª Fase de Jornalismo

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