Postado em: 26/05/2008
Ano de 1939. Alemães enlouquecidos por uma figura rala, de bigodinho e com um forte poder de persuasão; judeus sendo perseguidos; pilhas de livros sendo queimados em frente à prefeitura. Essas são algumas das cenas elucidadas em “A menina que roubava livros”, de Markus Zusak.
Em meio à Alemanha nazista, um personagem bem peculiar (eu diria o mais indicado), conta a história de Liesel, uma menina que encontrou a morte três vezes entre 1939 e 1943 e sobreviveu às três oportunidades. O primeiro encontro é logo no início da narrativa, quando o irmão mais novo de Liesel morre no trem a caminho de sua família adotiva. É aí, também, que ocorre o primeiro roubo de Liesel: um livro, no enterro do irmão.
Trabalhando brilhantemente as palavras e com uma visão diferenciada, a da morte, a leitura se desenvolve involuntariamente, é difícil parar de ler quando você se depara com a seguinte consideração:
- Uma menina
- Algumas palavras
- Um acordeonista
- Uns alemães fanáticos
- Um lutador judeu
- E uma porção de roubos
Vi três vezes a menina que roubava livros.”
Isso mesmo, a narradora da história é ninguém menos que a própria morte, que resolve contar a história da pequena Liesel após os falhos encontros entre elas. Para a sorte de Liesel, foram falhos para a morte. Você pode achar que não, mas a morte parece ter sentimento nesse livro, em muitas passagens é notório o sentimento de tristeza da narradora ao encontrar a menina, perdida em meio ao holocausto, chorando por seus livros e dentro de si pedido perdão por ter freqüentado a escola de nazismo.
Outras histórias e outros personagens dentro da história aparecem ao longo do enredo – as dos livros roubados pela menina, as dos que ela ganha em seus aniversários, os ensinamentos do pai, a melhor amiga – mulher do prefeito, as peladas na rua, ou ainda histórias de livros como o "Mein Kampf" ("Minha Luta"), de Adolph Hitler. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha o sofrimento e a inspiradora época em que Liesel teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a morte, que adverte o leitor logo de início: “Eis um pequeno fato: você vai morrer".
“A menina que roubava livros” é, sem dúvidas, mais um romance poético, dramático e arrebatador de Markus Susak. Encante-se!
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